
A influenciadora digital e apresentadora de televisão Virgínia Fonseca negou à CPI das Bets que, em seus contratos com empresas de , tenha lucros com base nas perdas de seus seguidores. O comparecimento de Virgínia como testemunha ocorreu na terça-feira (13).
Virgínia afirmou que todas as suas publicidades, após a regulamentação, seguem as regras de jogo responsável, com alertas, restrição para menores de idade e respeito às normas do CONAR, e que só firma contrato com empresas legalizadas e regulamentadas. Ressaltou que seus contratos não incluíam cláusulas que previam ganho proporcional às perdas financeiras dos seguidores nas plataformas de .
Disse ser favorável a melhorias na legislação e sugeriu que outros setores patrocinados por Bets, como clubes de futebol e emissoras, também sejam convidados para dar suas opiniões sobre o tema.
A pedido da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relatora da CPI, Virgínia se comprometeu a entregar aos senadores o contrato das empresas de que já divulgou: Esporte da Sorte e Blaze — ela ainda tem parceria com a última. A influenciadora desmentiu matéria da revista piauí, publicada em janeiro, e assegurou que seus contratos “não têm nada de anormal”.
“Se a revista piauí quis agir de má-fé, eu não vou gastar o meu tempo [processando]. Eu acredito na justiça de Deus. Se eu dobrasse o lucro [da empresa], eu receberia 30% a mais. Isso era uma cláusula padrão, na época, com todos os outros meus contratos, não só bets. Em momento algum [falava sobre] perdas dos meus seguidores, nunca teve [dispositivo] sobre isso no contrato”, disse.
A influenciadora também afirmou que não conhecia as acusações de irregularidades contra a empresa Esportes da Sorte, com quem firmou contratos de publicidade. A empresa foi alvo da Polícia Civil de Pernambuco em 2024 no âmbito de uma investigação sobre lavagem de dinheiro envolvendo ilegais.
O depoimento de Virgínia atendeu a pedido da senadora Soraya. A CPI investiga supostas irregularidades no setor de e o uso de influenciadores digitais na divulgação de online.
As esportivas online e os de azar online tiveram sua atuação legalizada em 2018, com a Lei 13.756. O setor recebeu novas regras em 2023 (Lei 14.790) e, após seis meses de transição, passou a ter a regulamentação totalmente vigente a partir de janeiro de 2025. Antes da reunião, Soraya afirmou em coletiva de imprensa que “é possível haver uma discussão em relação à legalidade ou não” das operações de e sua promoção no período entre 2018 e 2025.
Alertas
Virgínia explicou que seu contrato atual exige uma publicação por semana na rede social Instagram, onde possui perfil com mais de 50 milhões de seguidores. Segundo ela, suas postagens que divulgam de começaram em dezembro de 2022 e observam as regras sobre publicidade de à medida que surgem.
“Quando eu posto, sempre deixo muito claro que é um jogo, para se divertir, que [o usuário] pode ganhar e pode perder. Que para menores de 18 anos é proibido, que se possui qualquer tipo de vício o recomendado é não entrar, para jogar com responsabilidade… Coloco todas imagens exigidas pelo Conar [Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária]. Nunca falei para a pessoa entrar para fazer o dinheiro da vida dela. Não estou fazendo nada fora da lei — completou”.
A senadora Soraya Thronicke afirmou que teve dificuldades em encontrar esses avisos nas publicações e que “gostaria de encontrar mais” desses alertas. A relatora questionou Virgínia sobre um vídeo, apresentado na reunião, em que considera que não há avisos claros sobre os riscos envolvidos. Em resposta, Virgínia argumentou que se trata de vídeo anterior às regras mais rígidas para propaganda.
— Lá atrás era diferente do que é hoje. Ainda não tinham essas exigências do Conar de que era para falar [sobre jogo responsável] no início do vídeo. O Conar está sempre mudando e mandando mais exigências. As casas de já mandam tudo certinho, o que não pode falar. Por exemplo, as minhas filhas não podem aparecer.
O Conar é um órgão privado de autorregulação — em que os agentes do setor privado se submetem às suas normas e às suas decisões — sem fins lucrativos, e possui parceria em curso com o Ministério da Fazenda, responsável por desenvolver e implementar as regras no setor de .
virtuais de online no orçamento das famílias brasileiras, além da possível associação com organizações criminosas envolvidas em práticas de lavagem de dinheiro, bem como o uso de influenciadores digitais na promoção e divulgação dessas atividades. <br><br>Pose: <br>presidente da CPIBETS, senador Dr. Hiran (PP-RR); <br>relatora da CPIBETS, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS); <br>apresentadora, influenciadora e empresária Virginia Pimenta da Fonseca Serrão Costa;<br>senador Izalci Lucas (PL-DF). <br><br>Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado”>
Algoritmos
Soraya questionou se Virgínia, para produzir as peças de propagandas, utiliza a mesma conta que os usuários comuns. Segundo a relatora, há contas e aplicativos que empresas de disponibilizam a quem divulga a empresa que enviesam os resultados para fins de publicidade.
— A conta que é feita para eu jogar não necessariamente é uma conta fake. [Eu jogo] na mesma plataforma [que todos os outros usuários], ganha e perde.
Segundo Soraya, irregularidade em algoritmos de onlines é um dos pontos que a CPI investiga. A senadora defendeu que o relatório final será satisfatório em sua apuração e nas providências a serem tomadas. Diante de críticas de senadores quanto ao prazo curto para apresentação do documento, Soraya assegurou que a CPI “não será inefetiva”.
— Há documentos que são sigilosos e a nossa equipe está trabalhando há muito tempo. Jamais vai terminar em pizza. Só se não aprovarem o relatório — assegurou.
Debate
O senador Dr. Hiran (PP-RR), presidente da CPI, afirmou que Virgínia está amparada por habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o que a protege de ser presa. Ele apontou que o objetivo da reunião não seria “apontar o dedo” ou “criminalizar” a influenciadora.
O senador Jorge Kajuru (PBS-GO) criticou a convocação de Virgínia e elogiou a disposição da influenciadora en colaborar. Ele afirmou que foi instado a criticar Virgínia durante a reunião, mas que suas propagandas não são ilegais.
— O que ela faz é testemunhar um produto. Eu pergunto: o produto que ela testemunha está ilegal? Não.
Os senadores Cleitinho (Republicanos-MG) e Eduardo Girão (NOVO-CE) criticaram a legalização dos de azar digitais em razão dos danos financeiros e mentais associados. Girão sugeriu a Virgínia que a influenciadora reavaliasse sua produção de conteúdos que envolvam .
“A senhora tem o talento de se comunicar bem. Poucos estão ganhando [com ], inclusive gente poderosa, e a população toda está perdendo. Casamentos estão sendo desfeitos, há suicídios. O vício escraviza! advertiu.
Na avaliação de Virgínia, a solução deve vir por meio de leis, de forma que alcance a todos os envolvidos no setor de .
“[Propagandas de ] estão em todo lugar, não tem para onde fugir. A solução tem que vir daqui de dentro. Temos que achar uma solução onde todo mundo vai fazer a mesma coisa. [A relação com ] vai ser algo que eu vou pensar, mas eu tenho um contrato. Não é simples acabar com contrato”.
O senador Izalci Lucas (PL-DF) ainda indagou se Virgínia ou sua equipe recebem mensagens de seus seguidores com reclamações sobre consequências negativas relacionadas a . A convocada informou que não tem conhecimento sobre isso.
Publicidade
Na avaliação do senador Carlos Portinho (PL-RJ), a publicidade de por influenciadores digitais deve ser restrita. Ele é relator de um projeto de lei que trata do tema (PL 2.985/2023).
“Precisamos apertar a publicidade, ela está solta. Muitas vezes está levando a mensagem a quem não é o público-alvo e está levando essas pessoas a sites que não são legalizados. Vamos ter que restringir a participação de pessoas nessas publicidades. A frase “jogo responsável” não diz nada. Tem que ser “aposta causa dependência”, “aposta causa prejuízo financeiro a você e a sua família”. Isso tem que estar bem claro.
Prazo apertado
O colegiado terá até 14 de junho de 2025 para concluir seus trabalhos, após prorrogação de 45 dias. A CPI busca esclarecer o impacto das digitais na saúde financeira dos brasileiros e apurar possíveis ilícitos. A relatora afirmou que a CPI busca, acima de tudo, aprimorar a legislação para que o setor funcione “de forma menos prejudicial possível aos brasileiros”.
Os criados pelo setor são chamados de “ de quota fixa”, que se referem às esportivas online sobre eventos de jogo, e não sobre resultados (as chamadas “bets”) e aos online que se assemelham aos cassinos (como o Fortune Tiger, popularmente conhecido como “jogo do tigrinho”). A “quota fixa” é aquela que permite ao apostador saber de antemão quantas vezes a mais ele receberá sobre o valor apostado, caso seja premiado.
Ao longo do depoimento (veja em detalhes ao longo deste texto), Virginia disse:
⇒ que sempre seguiu a legislação e alertou seguidores sobre os riscos das bets;
⇒ que seus contratos não têm a chamada “cláusula da desgraça” – que dá aos influenciadores um percentual sobre as perdas dos apostadores;
⇒ que, apesar disso, receberia 30% a mais no contrato se “dobrasse os lucros” – o que, segundo ela, não aconteceu;
⇒ que não usa a própria conta de apostadora para gravar os vídeos de publicidade;
⇒ que ainda tem contrato de publicidade com a Blaze, mas não mais com a Esportes da Sorte.
Convocação
O depoimento de Virgínia atendeu a pedido da senadora Soraya. A CPI investiga supostas irregularidades no setor de e o uso de influenciadores digitais na divulgação de online, como o Fortune Tiger (popularmente conhecido como “jogo do tigrinho”).
As esportivas online de quota fixa (as chamadas “bets”) e os de azar online tiveram sua atuação legalizada em 2018, com a Lei 13.756. O setor recebeu novas regras em 2023 (Lei 14.790) e, após seis meses de transição, passou a ter a regulamentação totalmente vigente a partir de janeiro de 2025.
Segundo o presidente da CPI, senador Dr. Hiran (PP-RR), Virgínia Fonseca está amparada por habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o que a protege de ser presa durante o depoimento.
Durante depoimento, senador Cleitinho pede vídeo com Virginia Fonseca
O senador Cleitinho (Republicanos-MG) pediu um vídeo com a influenciadora digital Virginia Fonseca, que depõe à CPI das Bets, nesta terça-feira (13). Durante sua fala, defendeu a influencer, afirmando que ela é “fonte de riqueza” e que os parlamentares são “fonte de despesa”.
“Eu quero falar que a política não tem moral para falar da Virginia, zero moral. A Virginia é fonte de riqueza, nós somos fonte de despesa […] Agora, Virginia, eu queria falar para você, se tocar o seu coração, como um cristão, você não precisa mais disso. Acaba com isso, não faz mais esse tipo de propaganda, de divulgação não”, disse.
Logo depois, ele pediu para que Virginia fizesse mais conteúdos sobre o “pré-treino” de sua marca e pediu para que ela gravasse um vídeo mandando um abraço para sua esposa e filha.
“Divulga os seus pré-treinos, inclusive eu tomei o seu pré-treino hoje, é maravilhoso. […] Estou aqui para poder sensibilizar, tocar o seu coração para que você comece a fazer propaganda agora contra esse tipo de jogo e faça mais o seu pré-treino. Inclusive eu vou terminar aqui, você pode mandar um abraço para a minha esposa e para a minha filha?”, perguntou Cleitinho.
A influenciadora logo se prontificou a tirar a foto e disse que lembrava do senador de algum vídeo que viu pelas redes sociais.
Após a fala de Cleitinho, a presidente da CPI, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), chamou atenção do senador, ressaltando a importância dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito.
“Todas as CPIs são importantes. Esse caso é extremamente grave e nós já falamos aqui diuturnamente que nós não conseguimos acabar com as Bets. […] Nós somos importantes, sim, porque nós estamos legislando para proteger os jogadores brasileiros”, afirmou.
Virginia confunde microfone com canudo de copo durante CPI
Durante a sessão, a presidente da CPI, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), solicitou a exibição de um vídeo das redes sociais de Virginia, no qual a influenciadora divulgava uma plataforma de . Nesse momento, a influenciadora se atrapalhou e confundiu o microfone com o canudo de seu copo, que na verdade estava em seu colo e não na mesa.
Após o incidente, a influenciadora riu e, em tom descontraído, comentou com seu advogado, que estava ao seu lado: “Confundi o trem.”
Virginia ao ser cobrada por fala de Filipe Luís: “Ninguém pode julgar”
A influenciadora Virginia Fonseca, após ser cobrada sobre divulgação de casas de , rebateu o senador Eduardo Girão (Novo-RN). O parlamentar, durante oitiva nesta terça-feira (13/5), comparou a posição dela à do técnico do Flamengo, Filipe Luís.
Recentemente, o treinador do Flamengo criticou o destaque dado a casas de no futebol e disse que recusou propostas pelo “dano” que causa nas pessoas. A postura de Filipe Luís foi citada pelo senador como um exemplo a ser seguido.
“O senhor está conseguindo entender o que eu estou falando? Isso está em todo lugar, não tem para onde fugir, não tem para onde correr. A solução tem de vir daqui de dentro, tem de vir de vocês (parlamentares) fazer alguma coisa”, destacou.
Virginia ainda defendeu que ninguém poderia julgar “o que é imoral ou o que não é, porque todo mundo aqui tem seus erros, seus acertos. Então, aqui ninguém pode julgar ninguém”.
Virginia interrompe relatora da CPI: ‘pega vídeo recente!’
Em depoimento à CPI das Bets que acontece no Senado nesta terça-feira, a influenciadora digital Virginia Fonseca interrompeu uma fala da relatora da Comissão, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), pedindo para ela “pegar vídeo recente” que a mostre fazendo serviços de publicidade a empresas de online.
“Pega vídeo recente, Soraya, você está pegando vídeo lá de 2022, po! O negócio… nem tinha as coisas… pega vídeo recente!”, disse a influenciadora.
Visivelmente constrangida, Soraya Thronicke rebateu que está tratando a influenciadora com muita urbanidade.
Na sequência, o presidente da CPI, senador Dr. Hiran (PP-RR), pediu à influenciadora que respeite as opiniões da relatora da Comissão.
Ao fim da sessão, Virginia pediu desculpas por ter se “exaltado”, e esclareceu que “lá atrás” as coisas eram diferentes, e por isso se incomodou com a exibição de vídeos que considera antigos.
Virginia Fonseca está em Brasília nesta terça para depor à CPI das Bets, no Senado.
A relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), quer questionar a influenciadora sobre sua contratação para campanhas publicitárias para casas de online e de azar.
Restrições a publicidade
Presente na audiência pública, o senador Carlos Portinho (PL-RJ), relator do PL 2.985/2023 na Comissão de Esporte (CEsp), adiantou, após o depoimento, que se mantém inclinado em incluir no texto a proibição de celebridades e o do uso de animações em publicidades de .
Falta de quórum para votações
O senador Eduardo Girão (NOVO-CE) criticou a falta de quórum para a votação de requerimentos da CPI, como convites, quebras de sigilo e apurações sobre supostas extorsões. A relatora Soraya Thronicke (PODEMOS-MS), reconheceu a dificuldade em conseguir quórum e pediu o comparecimento dos colegas à reunião deliberativa prevista para amanhã (14/05), ainda sem pauta definida. O presidente da CPI, senador Hiran (PP-RR), porém, sinalizou que definirá a pauta e não deve incluir requerimentos sobre extorsão.
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