Ministro da Fazenda revela que equipe econômica apresentará a Lula pacote contra bets após seis meses de monitoramento do setor (Foto: Divulgação)
Em entrevista ao ICL Notícias, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que após o período inicial de regulação e coleta de dados, a equipe econômica apresentará ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) um pacote de medidas contra as online no Brasil. A declaração foi feita em 21 de julho de 2025, durante conversa com o economista Eduardo Moreira na sede do Ministério da Fazenda em Brasília.
O governo federal passará a tratar as online como um problema de saúde pública. Após seis meses de coleta de dados sobre o setor, o Ministério apresentará informações ao presidente para discutir medidas restritivas, incluindo limitações à publicidade e investigações sobre possíveis crimes relacionados às bets. Conforme reportado pelo ICL Notícias, o ministro enfatizou a necessidade de ações mais rigorosas para controlar o crescimento desenfreado das plataformas de esportivas e online no país.
Haddad disse que o governo vai rediscutir alguns pontos da regulamentação do mercado de esportivas (bets), porque o vício pelos virou um “problema sério de saúde”. Ele afirmou que há fintechs “servindo de veículo para bet ilegal”.
“Passados os seis meses que o Estado se apropriou dessas informações, vamos levar para a mesa do presidente os dados e tratar isso como um problema de saúde pública sério”, afirmou Haddad. O ministro destacou ainda que será necessário revisar as regras de publicidade: “Nós vamos ter que ver a publicidade disso, você sabe que bebida e cigarros têm uma publicidade ultra restritiva.”
Haddad explicou que a falta de regulamentação permitiu a saída de recursos do país. “Durante quatro anos não houve regulamentação da publicidade nem cobrança de impostos sobre as online. Mais de R$ 40 bilhões em subvenções foram enviados para fora do país, utilizados para comprar criptomoedas, dólares ou através de fintechs”, afirmou.
A preocupação do ministro concentra-se no impacto das na população jovem e nas classes menos favorecidas. Ele mencionou conhecer casos graves envolvendo as bets, incluindo situações em que pessoas perderam familiares devido ao vício em .
Um dos focos principais da ação governamental será a distinção entre esportivas e de azar. “Essa coisa dos de azar, a aposta esportiva, vamos diferenciar, não vamos diferenciar”, ponderou o ministro, indicando que as esportivas representam apenas cerca de 20% do mercado de online no Brasil, enquanto os cassinos virtuais dominam o restante do setor.
Dados apresentados na entrevista revelam que cerca de 10 milhões de brasileiros apresentam sintomas de vício em . Aproximadamente 60% dos jogadores têm menos de 39 anos. Um estudo da Universidade da Califórnia em San Diego, citado por Haddad, indica que após a legalização das nos EUA, o valor médio apostado por pessoa aumentou cerca de 400%.
No Brasil, enquanto o governo arrecada R$ 12 bilhões com as bets, a população de baixa renda perdeu R$ 30 bilhões no ano anterior.
O ministro também revelou que o governo está tomando medidas contra instituições financeiras que facilitam operações ilegais. “Outra coisa: fintech que está servindo de veículo para bet ilegal”, alertou Haddad, acrescentando: “Nós já estamos informando o Banco Central das fintechs que estão servindo de veículo possivelmente para o crime organizado.” Essa ação envolverá também a Polícia Federal nas investigações.
Durante a conversa com Eduardo Moreira, fundador do ICL, foram discutidos outros temas econômicos, como estratégias para justiça fiscal, reforma tributária, isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e taxação de super-ricos.
O Ministério da Fazenda implementou um sistema informatizado para monitorar o setor de e agora possui dados concretos sobre a dimensão do problema. Entre as medidas em discussão está a restrição à publicidade das , similar ao que ocorre com bebidas alcoólicas e cigarros.
O governo federal ainda não definiu como implementará medidas mais restritivas contra as online, considerando o poder econômico das empresas do setor, que investem em publicidade e marketing, registrou durante a entrevista. O Banco Central já recebe informações sobre fintechs possivelmente utilizadas pelo crime organizado para lavagem de dinheiro.
O ministro estuda formas de regular mais rigorosamente as esportivas, enquanto considera a possibilidade de proibir completamente os cassinos virtuais, que segundo ele, operam sem transparência.
“Eu apertava o botão do para. Não tem arrecadação que justifique essa roubada que nós chegamos”, declarou o ministro da Fazenda sobre as bets durante a entrevista.
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