
Em 1994, a economia brasileira estava assolada pela hiperinflação que corroía há décadas o poder de compra da população. O então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, propôs a criação do Plano Real. A transição até a adoção oficial da nova moeda envolveu três etapas principais: o ajuste fiscal, a criação de uma unidade de conta (URV) e, por fim, o lançamento da nova moeda.
A equipe do Plano Real sabia que, para o plano funcionar, não bastava convencer o mercado e os economistas. Era preciso conquistar a confiança da população, que já havia sido frustrada por diversos planos anteriores.
Foi então que surgiu a ideia de levar Fernando Henrique Cardoso ao Programa Silvio Santos, o maior comunicador da TV brasileira. Silvio falava a língua do povo e saberia, como ninguém, transformar “economês” em conversa de domingo. O apresentador conduziu a entrevista com perguntas aparentemente ingênuas, mas cuidadosamente pensadas para gerar compreensão popular. Esse tipo de pergunta permitia que FHC explicasse, com didatismo, como funcionava a inflação, por que a URV era importante e o que mudaria com a chegada do real. Não era só uma entrevista. Era uma aula pública transmitida em horário nobre para milhões de brasileiros.
A indústria de no Brasil precisa exatamente disso.
A base legal foi criada, o setor está regulado, as operadoras pagaram caro para atuar dentro da lei e começaram a construir um mercado mais transparente, mais seguro e mais ético. Só em outorgas, o governo arrecadou aproximadamente R$ 2,2 bilhões. Grandes marcas internacionais se instalaram no país, movimentando investimentos, estimulando a inovação e gerando milhares de empregos diretos e indiretos. Além disso, o setor legalizado já começa a contribuir com arrecadação fiscal relevante, alimentando políticas públicas e fortalecendo a economia real.
Mas lá fora, entre a população que não lê portaria, não entende o que é GGR nem distingue o legal do ilegal, o ruído é imenso. E pior: quem não entende o setor não apenas deixa de defendê-lo, como ataca.
Um mercado regulado só se consolida com três pilares: regras claras, respeito institucional e comunicação acessível. O primeiro e o segundo estão sendo testados. O terceiro ainda é um ponto que precisa evoluir. A indústria de precisa parar de falar só para si mesma. Precisa se abrir, explicar, descomplicar. Mostrar para a sociedade que, mais do que odds e bônus, está tentando construir um mercado sustentável, responsável e transparente. Porque, se nem partes do poder público parecem entender de fato como funciona essa indústria, basta observar os debates da CPI das Bets, cheios de ruído, generalizações e decisões mal informadas, como esperar que o grande público entenda? Como esperar que a sociedade legitime uma indústria que ela desconhece?
E aqui, as operadoras podem assumir um papel essencial. É preciso ter um discurso mais claro, coletivo e de ações que comuniquem responsabilidade com simplicidade. Campanhas educativas sobre Jogo Responsável, investimento em transparência ativa, apoio a pesquisas sobre comportamento de jogadores e incentivo ao diálogo com reguladores são caminhos concretos para ajudar a transformar percepção em legitimidade. Uma indústria forte e sustentável exige exatamente isso: visão coletiva, compromisso compartilhado e inovação constante. Em um momento em que o debate sobre publicidade se intensifica e medidas tributárias afetam diretamente a viabilidade do setor legal, o Jogo Responsável se consolida como a resposta estratégica para proteger o apostador e garantir a legitimidade do mercado no Brasil.
Porque, como Silvio Santos ensinou naquele dia, comunicar bem não é sobre parecer inteligente. É sobre garantir que todos entendam o que está em jogo. E a indústria não pode esperar para fazer isso.
Thiago Iusim – Founder | CEO @ Betshield Responsible Gaming www.thebetshield.com
Assista a entrevista de FHC para o Silvio Santos:
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